sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Traço

Largou-se pelas quadras
Etéreas, concretas
Perdeu-se pelos eixos
Diáfanos, esotéricos
Enlouqueceu entre o mármore
E o céu
Saiu voando pelo Plano
Ligado no Piloto
Automático
E sem saber o que fazer de si
Jogou-se na Esplanada
Escalou um Ministério qualquer
E descobriu que era real
A tal maquete por onde delirava...
O rabisco suicida incorporou-se
À paisagem
.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A ilha

Vitória é um lugar que flutua
Na mais intrínseca solidão
Diria que Vitória ultrapassou os limites da ilha
Para virar armadilha
Dos ilhéus que permanecem...
Mas que importa permanecer ou fugir?

Eu mesmo ilhéu que escapou
Eternamente me vejo boiando
No espaço de um mar que nunca termina
Vitória permanece intacta
Neste pedaço que carrego
Mesmo que Vitória me diga:
Filho ingrato
Bem que tu mereces
Moras longe mas continua ilhado.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Breve Histórico

Eu que me nasci em ilha
Doravante navalha de caranguejos alados
Eles todos aterrados na lama do manguezal
Eu que me deixei na trilha
Longe do mar que fundei na estrada seca
A caminho de um oeste que se fez árido
E depois transmutado em bússola na direção norte
Brasília, inventada ou projetada
Devorou-me pelas quadras
Não fui turista, nem por acidente
Cada passo, desde a areia incandescente da velha,
Quatrocentona Vitória, regiamente imaginado
Fingi que destinos são amontoados de acasos
Ou que os acasos matam crianças cheias de ilusão
Nada planejei ou previ, para renascer no caminho
Entre areias, mares e sertões
É tanta memória na cabeça do ilhéu
Que o mar lhe afoga
Os pensamentos
Na solidão do interior
Dele próprio.