quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O Breve Sonho da Infância


Por um instante, rasgou-se o véu da memória

Eu vejo minha rua quando menino

O êxtase na eternidade do agora

Daquela energia que não cabe no corpo de uma criança

Ela transborda na euforia de um grito

Contenho o grito para surgir um adulto

A rua parece mover-se para dentro do sonho

Nasci aqui em meio aos espantos da infância

O galho de árvore que peguei para riscar o chão

A pedrinha que atirei na poça d’agua

A caminhada trôpega ancorada no braço do pai

A rua foi desfigurada como o rosto no espelho

O espanto agora é o tempo, a voragem do tempo

Atravesso um portal azul e me despeço

Do breve sonho da infância

Mesmo que a criança continue a existir