quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sentida Ausência

Foste em viagem
E eu aqui permanecido
Como se tivesse ido…
Para dentro
E bem noto que o centro
De toda distância que se fez
Não foi teu avião que partiu
Mas o eu mesmo que sumiu

Como se detalhasse os dias
A tua espera
Numa outra esfera
Também passada no estrangeiro
Este viajante melancólico
Atônito,
Desatento de si
Exilado no país interior.

Foste embora por uns tempos
E eu aqui aos meus relentos
Mais distante de mim
Que tua distância do Brasil.

Estado Condição

A PEDRA NÃO CONHECE
O PRAZER DE NASCER ÁGUA

NEM O LEÃO SABE
DA PLENITUDE DO PÁSSARO

QUANDO AMO
DESCONHEÇO MEU ESTADO

MATÉRIA DESCOLADA
GÁS ETÉREO DECIDIDO

PARA SEMPRE VIVER NUVEM

Brasilonely

Afogado, caído
No país profundo
Oceano cerrado

Paisagem primeira
Última impressão

Moro na cidade céu
No descampado coração

Espaço contido
Deliberado vazio

Brasília central
Central para nada
De plenos, totais
Transitórios poderes

Cidade qualquer
Cidade nenhuma
Urbanidade pluma

Leve, diáfana
Invisível metáfora

Para onde vai
Cidade pássaro
Quem sou eu
No ventre do avião...?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sol da Consciência

Surjam vocês todos
Que se esgueiram
Por becos sujos
Que surgem quando passam

Dêem um passo
Ainda que impreciso
Tragam pão e vinho
Duas taças...
Cruzem meu caminho

Morem nas sombras
Mas guardem luz nas trevas
Olhem para o céu
E fujam no amanhecer

Dia seguinte dêem as caras
Brotem com a noite
Feito sementes de escuridão

E saibam, por fim,
Que o sol não poupará
A lua,
O segredo
A sombra e o medo