segunda-feira, 30 de março de 2009

Garrafa

Que espécie de amor diáfano,
Zen budista
Lançaria um vidro sem nada
Em direção a lugar nenhum?

Encontrada a garrafa
Onde estaria a mensagem?
Aberto o vidro
Qual seria a razão?

E a garrafa permanece ali
Jogada, solitária

Porque nada tinha a dizer
Nem papel
Nem mensagem

Quantas garrafas e quantos vazios
Cruzam mares e pensamentos
Partem na visão de mistérios
E chegam límpidos e evidentes
Pousando a lente indecifrável
Da mensagem
No vazio da garrafa

O fugitivo

O solitário fugiu de si
Mas não encontrou quem lhe desse asilo
Ficou vagando no próprio corpo apontando uma faca que pegou na cozinha
Cortou o pulso para ver se achava alguém ali dentro do próprio país
Foi acusado de genocídio por um sujeito que morava dentro do coração
Fora os habitantes da cabeça, do fígado baleado e dos rins em estado de petição
Tinha tanta gente dentro do solitário que ele resolveu ir no pronto socorro dar uns pontos.
Esqueceu a história do exílio e deixou as férias para depois. O solitário descobriu que era multidão

Fundos

Eu me afundo enquanto sinto
Afundar naquilo que nunca
Se chega ao fundo
Os fundos de poço
Navios afundados
E apesar de profundo
Nunca se chega ao fundo
Daquilo que se considera
O fundo da questão
Os fundos de mar
Os fundos de coração
O desejo mais profundo
Afundado em questões
Profundas
E absolutamente...
Infundadas

As portas

Fora
As portas
As janelas
Dentro
Os terrores
Noturnos
Durma-se em vão
Pois bate a porta
De dentro pra fora
E vão-se horas
De sono
Encontrei meu baú
De escritos
Tão distantes
E assim que os vi
Bati a porta
Aquelas
De fora
Pois dentro
Nada encontrei...

Velas

Velas

Releve as velas
Que lancei
E acendi
Revele se é fogo
Ou mar
Aquilo que me perdi

domingo, 29 de março de 2009

Insondável

Insondável desígnio
Que me cerca
Insondável futuro
Premonitório
Que sabemos
Que sondamos
Que somos
Sondados

Insondável manhã
Esta que chega
Sonda, sonar
Captemos
Insondável palavra’
Que tento
Pelas sombras’
Capturar

Cegos e opacos

Turva
Água clara
Claro
O fundo
Que não vejo
Pode ser
Transparente
O vidro
Mas cego
O olho
Que acende
Porque turva
A alma
Que nada vê
Por mais evidente
Translúcida
Que seja
A água
E o amanhecer...

sexta-feira, 20 de março de 2009

E a luz se fez...

Mil raios fulminados
Rasgaram a madrugada....
Mil sonhos acalentaram
O amanhecer de Netuno
E o mar se agitou
Como nunca antes
E o céu eclodiu
Poesias fantásticas
Palavras de Amor
Olhares radiantes
Viceja e Vislumbra
Vidente mistério
Que venha o futuro
Grávido no presente
Que seja Vicente
O vencedor
Filho visionário
Da nova era vivida

Para meu filho

terça-feira, 17 de março de 2009

Cartão de visita

Este é um blog de prosa e poesia. Neuroghost é uma brincadeira com os neurocientistas. Caso, algum dia, achem a resposta de tudo nos miolos, ainda assim resistirá o inefável. Não estarei aqui para explicar nada. Deixo que eles digam o que é verdade.
Eu fico com as mentiras bem contadas. E assim vamos.
Teto solar é a abertura necessária para que raios entrem por nossas cabeças e iluminem os neurônios fantasmas. Faz também referência a carros esportivos e velozes. Eles seriam o veículo de Dionísio transposto à hiper-modernidade. Um brinde às palavras que nos tragam prazer.
Um grande abraço

Abaixo, a primeira poesia do blog

Identitudo

Você me pergunta quem sou
Eu digo que sou o não visto
O não dito
O avesso daquilo tudo que se pretende
Em vão me apresento
Porque ainda persiste o vácuo
Da identidade não revelada
Identifica-se a foto em branco
A interrogação primeira
Que resiste no vão da resposta
Vagueia o tal eu
Aquele que você perguntou quem era
E ainda persiste dizendo...
Quem seria senão tudo.